Comunidades tradicionais cobram agilidade do Estado
Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado vai à Teresina exigir o fim da violência e da morosidade na titulação de seus territórios no Sul do Piauí.
”Nos últimos anos, temos feito inúmeras denúncias e reivindicações sem que tenhamos respostas adequadas. Até quando teremos que esperar? Os mais velhos verão nossos territórios demarcados, titulados e protegidos? O que podem esperar as crianças que convivem com todos os tipos de dificuldades em nossas comunidades?”
Os questionamentos acima estão na carta do Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais direcionada aos órgãos e instituições públicas e que foi lida integralmente por Ariomara Alves durante audiência na Defensoria Pública do Estado, em Teresina (PI), que ocorreu na manhã de 25 de abril. Outras lideranças presentes também denunciaram intimidações, ameaças de expulsão e de morte, e até mesmo tentativas de homicídio.
Representantes das defensorias públicas do Estado e da União, Instituto de Terras do Piauí, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e da Procuradoria Geral do Estado estiveram nesta audiência. O coletivo também se reuniu com as secretarias de Meio Ambiente, Segurança Pública e Agricultura Famíliar entre os dias 25 e 26 de abril.
Em resposta às denúncias das comunidades, foi criado um Grupo de Trabalho composto por representantes dos órgãos públicos, Coletivo de Comunidades e advogados da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e Comissão Pastoral da Terra (CPT PI) para fortalecer a comunicação entre comunidades e órgãos públicos e, dessa forma, agilizar os processos de titulação coletiva de territórios e a ação do Estado nos casos de violações de direitos.
Ameaças e violências contra comunidades tradicionais são temas do podcast Aqui é Meu Lugar
O avanço do agronegócio afeta violentamente os modos de vida das comunidades rurais no Sul do Piauí, que têm sofrido com incêndios, despejos, ameaças de morte e tentativas de homicídio. A violência física e mental causada pelo agronegócio tem como objetivo expulsar as comunidades de seus territórios. A organização, resistência e denúncia das comunidades contra a violência do agronegócio é o tema do 5º episódio da 4ª temporada da série em áudio Aqui É Meu Lugar.
O primeiro episódio desta temporada de Aqui É Meu Lugar foi ao ar em 11 de março. O impacto dos agrotóxicos, desmatamentos e violências do agronegócio são temas abordados nos episódios que já estão disponíveis também no Spotify, Apple Music e tocadores de áudio digital.
A produção da série é da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos em parceria com a CPT PI. As três temporadas anteriores podem ser ouvidas no site da Rede Social.