Grilagem, ecocídio e ameaça de morte no Cerrado
“A lentidão do Instituto de Terras do Piauí em regularizar os nossos territórios favorece a ação de quem quer nos expulsar”, denuncia sr. Juarez Celestino que, na tarde de 15 de outubro, foi ameaçado de morte por Carlos Rone Salgim. Juarez é uma das lideranças do Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado, no Sul do Piauí.
A ameaça ocorreu junto aos moradores da comunidade Passagem da Nega, no território Melancias. De acordo com as pessoas ameaçadas, Rone estava bastante exaltado e, além de dizer que os moradores deveriam sair daquela área, anunciou que “já estava encomendada a pessoa que irá matar o sr. Juarez”. Rone, como é conhecido na região, já ameaçou Juarez e as famílias que ali vivem em outras ocasiões.
As ameaças foram registradas em boletins de ocorrência no município de Corrente. A denúncia também foi levada às autoridades estaduais e nacionais.
As famílias dessas comunidades ribeirinhas-brejeiras, que vivem há gerações de modo tradicional no território Melancias, vem sofrendo com ameaças de morte e expulsão por grileiros e com o avanço do agronegócio que causa desmatamento e contaminação com agrotóxicos.
O Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado no Piauí, a Comissão Pastoral da Terra-PI e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos exigem medidas urgentes dos órgãos governamentais para garantir a vida, o território, a proteção ambiental e a dignidade das comunidades.
Relatório “Grilagem e ecocídio no Cerrado” é lançado em Harvard
O relatório “Grilagem de terras e ecocídio” foi lançado no dia 11 de outubro em um seminário na Universidade de Harvard, que teve como objetivo pressionar as empresas financeiras ligadas à Harvard, à TIAA e à Bunge por destruição ambiental e grilagem de terras no Cerrado.
O relatório está disponível em português e em inglês e foi produzido pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Friends of the Earth e Action Aid.