Grileiros, com apoio de setores do Estado, atacam comunidades no Cerrado do Piauí
Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado denuncia violência
Ameaças, intimidações e milícias armadas impedem a livre circulação de moradores de comunidades em seus próprios territórios. O Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado denuncia violência por parte de grileiros, que são apoiados por setores do Estado.
Em 5 de fevereiro, grileiros, acompanhados por oficial de justiça e policiais, intimidaram as comunidades ribeirinho brejeiras Barra da Lagoa e Chupé, no município de Santa Filomena. Na mesma semana, na comunidade de Chupé, um morador foi proibido de circular em seu território. Um de seus animais de criação foi preso e capado por grileiros. Milicianos armados permanecem 24 horas por dia nos territórios das comunidades Chupé e Brejo das Meninas, intimidando moradores.
As ameaças ocorreram após uma decisão do Tribunal de Justiça do Piauí que, erroneamente, foi favorável a três grileiros locais. A sentença sequer cita as comunidades, o que é ilegal e estimula a violação de direitos. Entre os grileiros favorecidos está João Augusto Philipsen, que em maio de 2024 foi condenado a prisão por graves danos ambientais em 1573 hectares de floresta nativa do Cerrado. O criminoso ainda não foi punido.
Os territórios de Barra da Lagoa e Chupé foram demarcados e o processo final de titulação tramita desde 2020, sem conclusão. Enquanto a titulação de comunidades tradicionais está parada, os grileiros avançam com apoio do Instituto de Terras do Piauí (Interpi), que deveria defender as comunidades. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), autoriza desmatamentos por grileiros, com enorme impacto ambiental.
Recentemente, grileiros desmataram parte do território da comunidade de Grinalda do Ouro, no município de Gilbués. Moradores desta comunidade e de Brejo do Miguel (também em Gilbués) sofreram ameaças desses grileiros.
“A polícia atende pedidos de grileiros e os acompanha para nos ameaçar. Mas quando a comunidade pede ajuda, a polícia não aparece”, afirma uma das lideranças do Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado.
As famílias, mulheres, crianças e idosos, sofrem com as frequentes ameaças e tentativas de despejo. As comunidades exigem proteção da justiça e o fim da morosidade na titulação de seus territórios por parte do Interpi.
Vitória da comunidade ribeirinha brejeira de Salto
Justiça ordena retirada de grileiros e reafirma titulação do Território de Salto, no Cerrado do Piauí. A comunidade tradicional ribeirinha brejeira Salto, no município de Bom Jesus, teve a titulação coletiva conquistada em junho de 2021.
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